Se um morador mais antigo de Água Clara for perguntado se conheceu Elza Maria Santos de Oliveira, dificilmente responderá positivamente. Agora, se a pergunta for sobre a Maria do Barracão, ai sim, muitos vão dizer que se lembram e que conviveram com ela. Maria do Barracão, que assim ficou conhecia porque morava em uma enorme casa de madeira no Centro Velho de Água Clara, mais precisamente ao lado da Maçonaria, foi casada com José Augusto de Oliveira, que também não era atendia pelo nome de batismo, mas pelas alcunhas de Zé Carrero – apelido que ganhou em Xavantina (atual município de Santa Rita do Pardo) quando carreava boi –ou Zé Braquiária, como ficou conhecido aqui em Água Clara, pelo fato de semear com as mãos o famoso capim que é utilizado para o alimento de bovinos. Ele morreu em 1990. Ela, em 1992, durante procedimento cirúrgico para retirar uma pedra da vesícula. Como era cardíaca, não resistiu à cirurgia.
O casal, que aportou em Água Clara em 1977, morreu, mas deixou uma grande família em Água Clara, composta por filhos, netos e bisnetos. Conforme explicou Gilson Oliveira, a sua mãe, na verdade, começou a morrer quando, em um trágico acidente automobilístico na entrada na cidade, perdeu a filha caçula e o seu primeiro netinho. “Depois daquilo, ela nunca mais foi a mesma”, conta Gilson, lembrando que, até então, ela era alegre e sorridente.
Um enorme coração
Mas voltado a falar sobre a Maria do Barracão, ainda resta uma parte da casa que deu origem ao seu codinome e que, segundo Gilson, vivia sempre lotada. O local era frequentando não apenas por pessoas da cidade, mas também por amigos que chegavam das fazendas. O local era uma espécie de ponto de pouso. “A gente quase sempre dormia no chão, porque tinha que ceder a cama para algum visitante”, recorda-se. Apesar da vida simples e sem muitos recursos, todos os dias tinha alguém ‘fazendo uma boquinha ali’, quer seja no almoço ou no jantar. “Dificilmente, era apenas a gente que comia na casa; às vezes era só arroz, feijão, ovo e farinha, mas Deus sempre abençoava e nunca passamos fome”, testemunha. Segundo Gilson, teve mês que chegaram a gastar 90 quilos de arroz.
Por ter um coração assim tão depreendido e ser uma boa hospedeira, a “Dona Maria” ficou conhecida em toda a cidade. Mas não apenas por isso, ela também gostava de participar como voluntária de eventos sociais e ainda se envolvia em campanhas políticas. Quando ainda era permitido fazer festas regada a muita comida para arrebanhar eleitores, cozinhou nas campanhas políticas dos ex-prefeitos Cândito Ottoni e Ésio de Matos.
Os filhos deixados pelo casal são: Jonas (in memórian), Jonir (Cúrio ou Lió), Cínthia, Gilson, Joir, Mara Célia, José Augusto e Lúcia (Morta aos 13 anos em um acidente de trânsito).