Se você ficasse desempregado, estivesse em grande dificuldade financeira e a única porta de emprego que surgisse fosse de gari, você abraçaria a oportunidade ou jamais concordaria em ser um varredor ou uma varredora de rua? Pois bem, isso aconteceu com Bruna Cristina dos Santos Dias, 28 anos, solteira e mãe de um filho. Quando a situação apertou e não viu outra saída, não pensou duas vezes antes aceitar o emprego em que está. Por falta de opção - pois considera muito difícil para mulher conseguir emprego na cidade - há oito meses ela trabalha na varrição das ruas de Água Clara. Antes trabalhava como cozinheira em restaurante.
Oriunda de Pacaembu (SP), Bruna está há 15 anos em Água Clara onde, atualmente, mora com a mãe, com a ex-cunhada e com três sobrinhos e garante não ter a menor vergonha do trabalho que exerce e que não esconde isso de ninguém. “Eu tenho orgulho, porque é uma profissão como outra qualquer”, afirma. Ela também não dá a menor bola para as atitudes discriminatórias de pessoas mal educadas que às vezes enfrenta no dia a dia. “Tem gente que acha que isso [varrer rua] vergonhoso”, reclama. Apesar disto, garante que isso não a incomoda. “Não estou ali para agradar ninguém”, enfatiza.
Bruna entra no serviço às 5h e larga às 11 horas. Nas horas de folga atua como vendedora de lingerie para complementar a renda. Mas não pretende permanecer por muito tempo “nessa vida”. A sua prioridade, no momento, é conquistar a casa própria, e sonha também conseguir montar o seu próprio negócio: uma loja de roupas e assessórios. Fora do trabalho, diz não ter vida social muito ativa, apenas vai a barzinhos, algumas vezes.