Em 2018 Sônia Vida ficou desempregada e com certa dificuldade para se manter e a seu filho de cinco anos de idade. Como já possuía a CNH “D”, foi à casa do prefeito Tupete pedir oportunidade de emprego. Emocionado com sua história, o prefeito a contratou e ela trabalhou por oito meses na Prefeitura, até que viu o anúncio de que a Breda estava contratando motoristas e resolveu fazer o teste, sendo bem sucedida. Hoje, após quatro meses, ela é motorista de ônibus da empresa, uma das maiores do Brasil no setor de transporte. “Hoje tenho valor, um emprego e sustento meu filho; é cada dia uma experiência”, comemora.
Sônia puxa trabalhador - somente homens - para o plantio da Suzano. Levanta-se às três horas da madrugada e retorna para casa ao meio dia. Almoça com 70 homens, sendo só ela de mulher e diz que o respeito é total. Nunca houve nenhum tipo de gracejos ou as tradicionais brincadeiras por parte de algum deles pelo fato de ser motorista mulher. Pelo contrário, ela diz ser muito elogiada pelos trabalhadores e pelos colegas.
Questionado se o marido tem ciúmes, Sônia afirma que não, porque sabe do respeito que impera nas empresas na relação entre os trabalhadores. Igualmente aos homens, diz que às vezes passa alguns sufocos como, por exemplo, o excesso de barro na estrada, mas garante que nunca teve o ônibus atolado. Não entende nada de motor, mas também nem precisa, já que conta com manutenção permanente e também porque, pela lei e por questão de segurança, o motorista é impedido de colocar a mão na parte mecânica do veículo. “Se der problema, fazemos a troca do ônibus”, explica. Mas diz que os ônibus são todos novos e passam constantemente por preventivas. “Tudo muito certo, temos média 80 km por hora”, revela.
Irmã caçula de três motoristas de caminhão, Sônia agradece a Deus e a ‘seo’ Jacshon Carvalho que deu oportunidade de fazer teste Breda. “Meu supervisor acreditou que ia vencer os obstáculos e deu certo: hoje eu sou motorista ônibus”, relata.
Sônia testemunha que no começo enfrentou muitas dificuldades, por ser a primeira oportunidade. “Como carregamos vidas, para começar é complicado”, diz, afirmando que teve pessoas colocadas por Deus na sua vida. No começo, teve medo de enfrentar preconceitos por ser mulher, mas nunca teve problema com isso, e que foi muito bem aceita.
Questionada se a mulher não perde a feminilidade ao ingressar nesse tipo de profissão, ela responde que isso é mito e que faz questão de sempre dar um toque feminino, trabalhando maquiada, usando batom, base e cabelo com presilhas.
Mesmo com uma jornada tão exaustiva, consegue cuidar do marido e do filho. Sônia adora cozinhar, e garante ser prendada. “Faço pão, esfirra, bolo, etc...”, conta. Por fim, diz que, diariamente, ao entrar no ônibus, faz oração e agradece a Deus por tudo.