Em coletiva à imprensa na tarde desta sexta-feira (1º), as delegadas Analu Ferraz e Elaine Benicasa, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), explicaram que a denúncia de sequestro feita por uma mulher no último domingo (26/11), se trata de uma denúncia caluniosa.
Na denúncia em questão, a até então vítima, de 37 anos, pediu socorro à Guarda Civil Metropolitana (GCM) após ter sido supostamente sequestrada na Rodoviária de Campo Grande, a mando do seu ex-companheiro.
A denúncia, de acordo com as delegadas, na verdade se trata de um comunicado falso.
Conforme a delegada Alanu Ferraz, após a denúncia se deu início a investigação, porém, ao analisarem as imagens de câmera de segurança da rodoviária da Capital, notaram que os acontecimentos não ocorreram.
“A partir dessa denúncia, nós começamos a apuração, entramos em contato com a administradora do Terminal Guaicurus [Rodoviária de Campo Grande], verificamos as imagens dos horários que a vítima passou, com a empresa de ônibus verificamos que ela não tinha passagem para aquele dia, que ela não desceu naquele dia, que não tinha imagens do fato que ela narrou e no local que ela narrou”, explicou a delegada.
Alanu ainda destaca que as investigações da polícia apontaram que o crime poderia, na verdade, se tratar de uma denúncia falsa, dado o fato da mulher ter perdido a guarda dos quatro filhos que tinha com o suspeito do crime.
“Intimamos o suspeito, ouvimos o suspeito, entramos em contato com os familiares dessa vítima, ouvimos os familiares dessa vítima, nos deslocamos até Nova Alvorada, entramos em contato com o pessoal do Conselho Tutelar de Nova Alvorada, pedimos o relatório de atendimento daquela mulher e daquela família, e ficou constatado que ela perdeu a guarda dos filhos”, detalhou.
A delegada ainda destaca que a mulher não aceita o término do relacionamento, mesmo com o homem já estando casado com uma mulher há alguns anos.
“Os quatro filhos dela com o ex-companheiro estão abrigados, ela não aceita o término do relacionamento dela com esse atual companheiro, que já está a mais de três anos com outro relacionamento, já casado com outra mulher, então agora o Poder Judiciário e o Conselho estão analisando a viabilidade de passar a guarda para a família paterna”, comentou.
Foi com a intenção de atrapalhar esse processo que resultaria na perda completa da guarda de seus filhos que a mulher tramou a denúncia falsa contra seu marido.
“A vítima teve a brilhante ideia de vir na delegacia registrar um boletim de ocorrência contra o ex-companheiro no ímpeto de dificultar ou impossibilitar o ex-companheiro de ficar com a guarda das crianças”, explicou.
A delegada titular da DEAM, Elaine Benicasa, ressalta que esses tipos de denúncias reforçam a ideia errônea que algumas pessoas têm, sobre a não necessidade de leis como a Maria da Penha.
Ela ainda destaca que, dos mais de 7 mil registros neste ano, apenas 10 foram denúncias caluniosas. Apesar disso, o número foi o dobro em relação ao registrado no ano passado, que foram cinco.
“Nós temos um serviço especializado, nós temos muitas dificuldades ainda, a quantidade de servidores, então quando se vem, quando nos é apresentada uma situação como essa, há toda uma força concentrada para fazer o atendimento dessa vítima”, apontou a delegada.
Segundo Elaine, além das grandes coisas que acabam sendo prejudicadas, também são prejudicadas “as próprias mulheres que possuem as histórias reais de violência domésticas”, que acabam sendo revitimizadas com esses casos.
No total, foram realizadas seis oitivas, cada uma com uma média de 40 minutos, até a realização que o caso se tratava de uma denúncia falsa. Além disso, dada a gravidade do caso, outras denúncias, graves, também foram deixadas de lado.