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Em Mato Grosso do Sul, 43 mil dizem não ter dinheiro para pagar contas

17 de março de 2023 Economia
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Mais de 89 mil sul-mato-grossenses estão endividados com contas em atraso. Destes, mais de 43 mil afirmam não ter condições de pagar suas dívidas.

O número absoluto de pessoas que não terão condições de pagar suas dívidas no Estado é de 43.531, praticamente o que equivale à população do município de Maracaju, com seus 43.247 habitantes.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), referente ao mês de fevereiro deste ano. 

A pesquisa mostra que, em Mato Grosso do Sul, o total de endividados é de 192.005, o que equivale a 59,8%. Destes, 28%, ou 89.765, estão endividados com contas em atraso. Os mais de 43 mil que não terão condições de pagar representam 13,6%.  

Ainda de acordo com a pesquisa, houve leve queda no total de endividados e dos que têm contas em atraso na comparação com o mês de fevereiro do ano passado. Em fevereiro de 2022, o total de endividados em Mato Grosso do Sul era de 62,4%, e o de inadimplentes era de 31,1%.

Já a quantidade de endividados sem condições de pagar suas contas teve ligeiro aumento neste ano: em fevereiro de 2022, 42.336 (13,3%) afirmaram não conseguir pagar suas dívidas, 1.195 a menos do que em fevereiro de 2023 (13,6%). 

Mais dados da pesquisa mostram que o cartão de crédito é o principal tipo de dívida, sendo o meio de endividamento de 71,6% dos participantes do levantamento. Outros meios são também carnês de lojas (18,8%), financiamento de casa (12,6%) e crédito pessoal (12,2%). 

Conforme a economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS (IPF-MS), Regiane Dedé de Oliveira, esse comportamento de endividamento tem a ver com uma série de fatores, como as contas de início de ano. 

“Tudo acaba contribuindo. Uma pessoa que parcelou contas como IPVA ou IPTU vai ter essa despesa ainda. O endividamento em si é salutar, o que preocupa é quando as pessoas não conseguem pagar, porque atrasar ou não pagar contas gera multas, juros e negativações, e aí vira uma bola de neve”, comenta. 

Nacional

Os números da Peic em âmbito nacional, divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostram que 11,6% das famílias afirmam não ter condições de pagar suas dívidas, colocando Mato Grosso do Sul um pouco acima da média nacional. Os com dívida em atraso representam 29,8%, porcentagem parecida com a do Estado. 

A economista ainda ressalta que, mesmo com a grande quantidade de inadimplentes, o cenário de Mato Grosso do Sul apresenta indicadores melhores que o restante do Brasil em termos de condições econômicas. “Aqui no Estado temos uma boa taxa de ocupação, então isso mostra que, diante das condições atuais da economia, Mato Grosso do Sul tem indicadores melhores”, pontua. 

Taxa de juros

O principal inimigo de quem tenta sair da inadimplência é a alta taxa de juros. A CNC, em seu relatório, menciona que os juros elevados são obstáculos para quem tem dívidas mais antigas e tenta colocar as contas em dia.

Apesar dos feirões de negociações, a CNC divulgou que, a cada 100 consumidores inadimplentes, 44 chegaram em fevereiro com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. O tempo médio de atraso nos pagamentos foi de 62,7 dias, o maior registrado desde janeiro de 2021. 

Oliveira também acrescenta que as altas taxas de juros são armadilhas para quem faz novas dívidas. “Quem já tem costume de comprar parcelado presta atenção nas taxas de juros, mas tem quem olhe somente para a parcela que cabe no bolso. Com a alta dos juros, é importante ficar atento”, reforça. 

A taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, está em 13,75% ao ano, patamar mais alto desde o fim de 2016.

O índice foi estabelecido em agosto do ano passado, após 18 meses de alta, e manteve-se inalterado nas últimas quatro reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. 

O debate sobre a taxa é um dos principais assuntos do atual governo federal. Conforme a Agência Senado, o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) do mês de fevereiro divulgado pela Instituição Fiscal Independente do Senado (IFI) pontua que o que mantém a taxa Selic no nível atual são as incertezas sobre a trajetória da inflação e sobre o novo marco fiscal do governo.



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