A Petrobras anunciou a queda dos preços da gasolina e do óleo diesel em suas refinarias a partir do dia 7 de dezembro. Uma semana depois, na prática, o consumidor não sente essa diferença na hora de abastecer em Campo Grande.
Conforme comunicado da estatal, emitido na semana passada, a gasolina vendida nas distribuidoras caiu R$ 0,20, saindo de R$ 3,28 para R$ 3,08 (redução de 6,1%), e o óleo diesel teve queda de R$ 0,40, passando de R$ 4,89 para R$ 4,49 por litro (-8,2%).
Nas bombas dos postos de combustíveis da Capital, a diferença aferida foi de R$ 0,11 para a gasolina e R$ 0,03 para o diesel na versão S10.
Diferença de preços foi retirada dos relatórios da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) da semana anterior ao aumento, comparados com o levantamento feito pelo Correio do Estado no dia 13 de dezembro. Ambas as pesquisas usaram como base 17 postos de combustíveis de Campo Grande.
Conforme a pesquisa da ANP, na semana compreendida entre 27 de novembro e 3 de dezembro, a gasolina comum custava R$ 4,74, na semana entre 4 e 10 de dezembro, o litro era comercializado a R$ 4,70, e na terça-feira foi a R$ 4,63.
O diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, disse ao Correio do Estado que o sindicato não opina sobre os preços.
“O mercado é totalmente livre, tanto para postos quanto para distribuidoras”.
Na questão do repasse à população, ou seja, no preço final nas bombas, depende de políticas comerciais de distribuidoras e postos e dos preços dos biocombustíveis misturados à gasolina e ao diesel antes da venda ao consumidor final, de acordo com o sindicato.
Logo após o anúncio da mudança de preços nas refinarias, Lazarotto disse que a estimativa de queda nas bombas seria de R$ 0,14 no litro da gasolina e de R$ 0,34 no óleo diesel, bem longe do que é percebido ao abastecer em Campo Grande.
Para o pequeno empresário Cristian Brites, o ideal seria uma queda de preços ainda maior, “pelo fato de o Brasil ter passado por sucessivas elevações no primeiro semestre deste ano. Quando o preço cai é sempre bom, mas vou torcer que caia mais”, afirma.
Alheio ao sobe e desce dos preços de mercado está o motorista José Ferreira. Para ele, o mais importante é que o preço está menor, e isso significa mais gasolina no tanque. “O negócio fica um pouco melhor porque vai dar para passear mais com a família em pleno fim de ano”, aponta.
No cenário internacional, nas últimas semanas, as cotações do petróleo cederam e a Petrobras passou a vender produtos mais caros que no exterior.
Na última semana, por exemplo, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava 8% acima da política de paridade internacional (PPI), a R$ 0,24 por litro, segundo cálculo da Associação dos Importadores de Combustíveis (Abicom). A diferença no preço do diesel também era de 8%, ou R$ 0,34 por litro.
Em nota, a Petrobras afirmou que é a primeira mudança no preço da gasolina em mais de três meses, período no qual a estatal chegou a vender o produto com elevadas defasagens em relação às cotações internacionais.
A Petrobras destacou que “as reduções acompanham a evolução dos preços de referência e são coerentes com a sua prática de preços, que busca o equilíbrio com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”.
Já o valor do diesel permanecia inalterado desde 20 de setembro. Por isso, os anúncios da Petrobras aconteceram após um período de preços superiores às cotações internacionais, como reflexo da queda do petróleo e do dólar nos últimos dias, o que levantou a questionamentos entre importadores de combustíveis.
O preço do barril de petróleo tipo Brent, contendo 158,9 litros, também vem caindo. Semana passada, era vendido a US$ 78,54 e agora está sendo comercializado a US$ 78,43.
A previsão das bolsas de valores é de que o barril Brent continue a se desvalorizar já no início de 2023. A cotação futura prevista para janeiro é de US$ 85,3, enquanto a de fevereiro é ainda menor: US$ 78,3. No início de 2022, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o barril chegou a bater US$ 140.
Segundo o gerente de postos de combustíveis Hélio Donzakur, a queda de preços nos combustíveis já pôde ser sentida semana passada, mas alguns consumidores só começaram a perceber agora por causa da compra de novos estoques com preços menores.
“As refinarias baixaram os preços, as distribuidoras foram na sequência e os postos de combustíveis agora fazem esse repasse, a menor, para o consumidor”, explicou o gerente. Para ele, essa queda de preços veio em boa hora por causa dos pagamentos do 13º salário.
“Comprávamos o litro de gasolina a R$ 4,40 e agora o preço está em R$ 4,30. No etanol, o preço da distribuidora para os postos baixou de R$ 3,35 para R$ 3,12, já depois das quedas da gasolina e do óleo diesel, que, por sinal também teve o preço reduzido de R$ 6,12 para 5,82, por litro de S10. Com isso, as vendas cresceram em 30%”, comemora Donzakur.